domingo, 22 de maio de 2011

Solitário

Solitário, ser que vive sozinho, isolado, distante dos outros.

Ser solitário é opção ou sina?
Não sei, só sei que me sinto assim desde sempre. Não me lembro de ter me sentido muito diferente, a não ser quando namorei algumas vezes. Um em especial. E olha que nesse caso a pessoa morava a mais de 3.000km daqui. Ou seja, minha ideia de companhia não é mesmo a mais tradicional.

Verdade que não gosto de viver sozinha, nem tão pouco isolada. Falo com muita gente, trabalho em movimento e com alegria e isso disfarça bem. Mas em casa, me sinto só. Poderia dizer que é por conta de meus parentes mais próximos já terem falecido e do meu núcleo familiar ter restado apenas eu. Mas não seria a verdade. Mesmo quando tinha minha mãe e meu irmãos em casa já me sentia sozinha. É uma espécie de sentimento que sempre carreguei. Sempre olhei para as coisas e pessoas como se não me pertencessem, ou como se eu não fizesse parte daquele conjunto de coisas. Sempre me senti partindo e por muitos anos levei minha vida como se fosse viajar amanhã.

Hoje tenho 40 anos e ainda não fui embora. Minha mãe morreu em 2000 e todos devem ter pensado: "agora ela vai pegar mochila e sumir no mundo como sempre quis". Mas eu não fui. Naquela época senti como se tivessem quebrado minhas asas. Eu que sempre estava viajando, de repente não saía mais de casa. Um tempo depois percebi que já não ia por não reconhecer a possibilidade de ter para onde voltar.

Antes, quando viajava sabia que tinha alguém a minha espera em casa. Minha mãe. Hoje quando volto encontro as paredes e o silêncio.

Passei esse fim de semana me questionando sobre essa realidade e seus prós e contras. Não posso dizer que não gosto da vida como é. Gosto sim. Me agrada ser dona das minhas vontades e do meu tempo. Mas sinto pela falta de companhia. E é aí que começa a questão.

Sinto pela falta de companhia, no momento em  que quero ter companhia. Mas não é sempre que isso acontece. Minha vida é um corre corre e nem percebo que moro sozinha e quando o faço é com alegria em poder chegar e me jogar na cama sem ter que fazer mais nada.

Fiquei então pensando, se existem pessoas que nasceram para ser sozinhas. Como eu mesma digo "não colam, não grudam". Não me lembro de ter tido turmas no colégio, amigos inseparáveis. Tive e tenho grandes amigos, mas nenhum deles fazem parte integralmente da minha vida. Nem mesmo o que chego a chamar de "irmão".

Não sou pessoa de grandes segredos, mas também não sou de confidências. Meu diário é na internet. Quando era adolescente, conversava com espelho,pensando no meu pai, que já havia morrido quando eu tinha 3 anos.

Pela vida tive um grande amigo, o maior e mais precioso Gilmar. Mas ele também se foi, em 22 de julho de 1990. Eu tinha acabado de fazer 20 anos. Em 1992 seria meu irmão mais novo, 95 minha avó e em 2000 minha mãe. Um década e tudo que pode ser mais precioso para alguém tinha sido perdido, tinha ido embora.

Penso que me acostumei a amar o que não tenho, pior A quem não tenho. Amo de longe, com medo de chegar mais perto e aí... perder.

Hoje tenho um grande amor, infinito, algo maior que eu. Alguém por quem daria um pedaço de mim sem pestanejar. Ele se chama Eduardo Edmo, meu afilhado. Estava agarrada com ele até agora pouco. É a coisa mais preciosa que tenho na vida. O sentimento que me faz sentir viva e com uma razão pra continuar por aqui.

Solidão, opção ou sina?

Sigo questionando e tentando encontrar minhas respostas.

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